Fator essencial para esse papel de destaque assumido pela Igreja no Brasil foi a realização do Concílio Vaticano 2º, entre 1962 e 1965, convocado pelo papa João XXIII. As resoluções do encontro estimularam as igrejas a se aproximarem das classes populares, promoverem a justiça social e atuarem na defesa dos direitos humanos, especialmente nos países em desenvolvimento.
Além disso, internamente, a Igreja Católica se via obrigada a se adaptar às mudanças sociais que ocorriam no país, que se modernizava rapidamente e se transformava em uma nação predominantemente urbana e industrializada. Assim, a partir dos anos 1930, a instituição, num processo de aproximação com os setores que emergiram como consequência dessa nova realidade, criou e também reconheceu uma série de organizações, entre elas: Juventude Estudantil Católica (JEC), Juventude Universitária Católica (JUC), Juventude Operária Católica (JOC), Ação Católica Operária (ACO) e as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
A JUC, organizada nacionalmente a partir de 1950, “forneceu” diversos líderes para a União Nacional dos Estudantes (UNE) e contribuiu para a sindicalização de trabalhadores rurais. Em 1962, o contato mais acentuado com o marxismo fez muitos de seus membros ajudarem a fundar a Ação Popular (AP), organização de resistência à ditadura. Após o golpe, a JUC, assim como a JEC, passaram a serem perseguidas pela repressão, desaparecendo em 1968.
A JUC, surgida na Bélgica, ganhou força no Brasil a partir do final dos anos 1940. Na década seguinte, envolveu-se mais fortemente com as questões da classe trabalhadora. A tradição da militância católica junto aos operários deu uma guinada à esquerda, que contribuiu para criar, nos anos 1970, da Pastoral Operária em algumas cidades do Brasil. As pastorais eram grupos que agregavam padres e a comunidade católica, com ações em prol dos excluídos e pessoas em risco social.
Em 1968, realizou-se em Medellín, na Colômbia, a 2ª Assembleia Geral do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), uma tentativa de aplicar as doutrinas indicadas pelo Concílio Vaticano 2º às necessidades da Igreja Católica na América Latina. Entre as principais propostas do encontro, destacavam-se a opção preferencial pelos pobres e a escolha das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) como os locais de reunião e ação política das classes populares.