Atuação Profissional
EstudanteOrganização
Movimento Estudantil e Ação Popular (AP)Filiação
Maria Helena Correa e Abílio ClementeData e Local de Nascimento
17/4/1949, São Paulo (SP)Data e Local de Morte
10/4/1971, Santos (SP)De acordo com os documentos anexados ao processo deferido pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) e em conformidade com relato de Maria Amélia de Almeida Teles, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, foi localizado no Arquivo Público do Estado de São Paulo, entre outros documentos do extinto Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (DEOPS-SP), uma ficha escolar de Abílio Clemente Filho. Os registros policiais remontam a obtenção desta ficha na residência de Ishiro Nagami, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), morto em 4 de setembro de 1969 juntamente com Sérgio Corrêa, na capital do estado de São Paulo.
Joana D’Arc Gontijo relatou à Maria Amélia Telles ter escutado os gritos de um jovem durante toda a noite, na mesma data da prisão de Abílio. Para Joana, os gritos cessaram devido ao falecimento do jovem, de quem ela não conseguiu descobrir a identidade mas supõe ter sido Abílio.
Antônio Mentor, deputado estadual de São Paulo, em depoimento anexado ao processo junto à CEMDP, declarou ter conhecido Abílio Clemente Filho em 1968, tendo sido colegas de curso na Unesp e que chegaram a residir na mesma casa. Afirmou que o mesmo era ativista político vinculado à Ação Popular (AP) e acreditava que o desaparecimento se deu por razões políticas.
Abílio desapareceu no dia 10 de abril de 1971, na praia José Menino, em Santos (SP). O relator do caso na CEMDP, Belisário dos Santos Júnior, votou favoravelmente ao deferimento do requerimento, afirmando que: “Também, nesta instância federal, bem considerados todos os elementos de prova colhidos, entendo que Abílio, que tinha militância política, que teve documento apreendido em domicílio de pessoa vinculada a ações armadas, que desapareceu num dia determinado e cujos amigos e família sempre denunciaram como sendo mais uma das vítimas da polícia política, pode e deve ser reconhecido como pessoa desaparecida por motivos políticos. Exigir mais provas, seria desconhecer a história da repressão no Brasil.”
Abílio Clemente Filho permanece desaparecido.
Diante das investigações realizadas, conclui-se que Abílio Clemente Filho desapareceu em 10 de abril de 1971, quando caminhava pela praia José Menino, na cidade de Santos (SP), em contexto de sistemáticas violações de direitos humanos promovidas pela ditadura militar, implantada no país a partir de abril de 1964. Recomenda-se a continuidade das investigações sobre as circunstâncias do caso, para a localização de seus restos mortais e identificação e responsabilização dos agentes envolvidos.
O Estado brasileiro utilizou uma série de mecanismos para amedrontar a população, sobretudo aqueles que não estivessem de acordo com as medidas ditatoriais. Conheça os reflexos do aparato repressivo e os focos de resistência na sociedade.