Criméia Alice Schmidt de Almeida, militante e ex-guerrilheira no Araguaia, iniciou sua militância política na escola secundária. Cursou Enfermagem na Faculdade Ana Nery, no Rio de Janeiro, de cujo curso era presidente do diretório estudantil em 1968. Presa no Congresso de Ibiúna, após o AI-5 entrou para a clandestinidade e, militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), foi para a região onde posteriormente teve início a Guerrilha do Araguaia.
Grávida, Criméia ficou responsável pela comunicação entre os guerrilheiros e o partido, por meio de viagens periódicas. Em uma delas, foi presa em São Paulo pela Operação Bandeirante (Oban) e levada ao DOI-Codi, junto com sua irmã, Amélia Teles, seu cunhado e seus dois sobrinhos. Foi torturada mesmo estando grávida de sete meses. Em depoimento à Comissão Estadual da Verdade “Rubens Paiva”, na Assembleia Legislativa de São Paulo, Criméia contou que um suposto médico acompanhava suas torturas. “[Ele dizia:] ela aguenta a tortura nos pés e nas mãos, só não pode espancar a região da barriga.”
Depois, foi levada a Brasília, onde continuou sendo torturada até dar à luz a seu filho, ainda que sob constantes ameaças dos militares de que ele não sobreviveria. Após o parto, Criméia foi impedida de vê-lo e só pôde recuperá-lo 53 dias depois de seu nascimento, desnutrido e dopado.
Em 2005, Criméia e seus familiares moveram uma ação declaratória contra o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi naquela época, responsabilizando-o pelas torturas sofridas. Três anos depois, a Justiça de São Paulo acatou a ação, e Ustra se tornou o primeiro agente da ditadura a ser declarado torturador. Em 2012, ele teve seu recurso negado. Criméia mantém sua atuação política por meio da Comissão dos Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos.