Símbolo da resistência à ditadura militar e dos direitos humanos, Elzita Santa Cruz era mãe de Fernando Santa Cruz, militante político da Ação Popular Marxista Leninista (APML), desaparecido em 1974. Dona Elzita faleceu em junho de 2019, aos 105 anos, após 45 anos de buscas pelo filho desaparecido.
Ao longo de quatro décadas, ela cobrou notícias em quartéis, gabinetes de presidentes e de outras autoridades, e junto à organizações de direitos humanos, inclusive do exterior, sempre insistindo com a frase: “Onde está meu filho?”. Essa pergunta dá nome a um livro, lançado em 1984, onde há o relato da luta de Elzita.
A espera pelo filho fez com que ela não mudasse de casa e mantivesse o mesmo número de telefone. Manteve, também, o quarto de Fernando. Dona Elzita dizia que não tinha ânsia de encontrar quem matou Fernando; queria o direito de enterrá-lo. “É uma dor muito grande porque o único crime que ele [Fernando] cometeu foi defender a igualdade social, essas coisas pelas quais eu luto até hoje”, afirmou em 2009, enquanto pedia providências ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nascida no Engenho Jericó, em Água Preta, na Zona da Mata Pernambucana, foi uma sinhazinha que virou ativista política. Casada com o médico sanitarista Lincoln Santa Cruz. Além de Fernando, defendeu nas trincheiras da repressão os filhos Marcelo Santa Cruz, hoje advogado, e Rosalina Santa Cruz, professora universitária, ambos perseguidos políticos. Dona Elzita teve dez filhos, 28 netos e 32 bisnetos.