Francisco Jesus da Paz é um militar reformado que resistiu à ditadura militar. Era integrante de uma corrente de militares que apoiava João Goulart, e que via nas reformas de base um importante caminho para o país. No momento do golpe, Paz era cabo da Força Pública, fazia parte dos militares legalistas, democratas e nacionalistas. Nos primeiros dias de abril, ocorreram prisões de generais, cabos e soldados, alguns levados para o navio-prisão Raul Soares, em Santos.
Paz foi promovido a 3º sargento, em outubro de 1964, quando intensificou a participação política junto aos militares da resistência democrática à ditadura. Em 1968, organizou uma chapa para disputar as eleições no Centro Social dos Sargentos da Força Pública. As prisões ocorreram logo depois do golpe, mas a tortura contra militares opositores começou mais tarde, em 1968.
Estudante de economia na Universidade de São Paulo (USP), Paz ajudava a organizar encontros na União Nacional dos Estudantes (UNE), montava informalmente um curso de ciências humanas para militares, participava de um grupo de teatro de rua e editava o jornal O Mensageiro.
Em março de 1970, foi preso pela P2 (seção de inteligência da PM). A punição lhe rendeu um castigo de mais de seis meses como sentinela de porta de banheiro no corredor do quartel, e o julgamento pelo Tribunal Militar.
Cinco anos mais tarde, quando trabalhava na área de processamento de dados no turno da noite, em uma agência do Banco Itaú, Paz foi detido, encapuzado e levado para o DOI-Codi, na rua Tutóia, na Zona Sul de São Paulo. Ali, foi torturado por 45 dias.
Graduado em Direito, Filosofia e mais oito especializações, em 2014, Paz foi anistiado e promovido a capitão da reserva da PM.