Atuação Profissional
bancárioOrganização
Partido Comunista do Brasil (PCdoB)Filiação
Maria Leonor Pereira Marques e Sílvio Marques CaneloData e Local de Nascimento
14/5/1949, Pains (MGData e Local de Morte
Desaparecimento em 12/1973, a cinco ou seis quilômetros da Base do Mano Ferreira, próximo à Palestina (PA) ou perto do rio Saranzal (PA)Paulo Roberto foi visto por seus companheiros pela última vez no episódio que ficou conhecido como o “Chafurdo de Natal”, um ataque ao acampamento da Comissão Militar dos guerrilheiros ocorrido no dia 25/12/1973. Segundo o Relatório Arroyo, ele e Walkíria Afonso Costa foram enviados a um local próximo de onde estavam acampados os 15 guerrilheiros que se encontravam junto a Comissão Militar com o objetivo de procurar João (Demerval da Silva Pereira) e Mariadina (Dinaelza Santana Coqueiro) e, possivelmente, Zezim (Micheas Gomes de Almeida), Raul (Antonio Teodoro de Castro) e Lourival (Elmo Corrêa).
Eles deveriam chegar em 28/12/1973 próximo do local onde houve o tiroteio, mas nunca mais foram vistos. Em sua certidão de óbito consta apenas a data de sua morte no ano de 1973. Em depoimento ao MPF, Pedro Vicente Pereira – o Pedro Zuza – afirmou que serviu como guia do exército por dois meses e citou Paulo Roberto como um dos guerrilheiros que teria morrido no natal de 1973. Além disso, a morte de Paulo Roberto no ataque de 25/12/1973 foi confirmada pelo Sargento do Exército João Santa Cruz Sacramento, em oitiva realizada pela CNV em 20/03/2014, em Goiânia (GO).
Narrativa diferente é apresentada pelo jornalista Leonencio Nossa, autor do livro Mata!, baseado nos relatos e arquivos de Sebastião Rodrigues de Moura, o Curió. De acordo com Leonencio Nossa, Amaury “foi preso no centro clandestino de detenção e tortura conhecido como Casa Azul, em Marabá (PA). Ele afirma que Paulo Roberto “foi espancado por se recusar a dar informações e entregar colegas.
Em relatórios, os militares escreveram que ele era “sanguinário, capaz de reservar o último projétil para si mesmo‟ Ficou na Casa Azul por poucos dias. Entrou num helicóptero com as mãos amarradas. Foi fuzilado perto do rio Saranzal”.
Diante das investigações realizadas, conclui-se que Paulo Roberto Pereira Marques é considerado desaparecido político por não terem sido entregues os restos mortais aos seus familiares, o que não permitiu o seu sepultamento até os dias de hoje.
Conforme o exposto na Sentença da Corte Interamericana no caso Gomes Lund e outros, “o ato de desaparecimento e sua execução se iniciam com a privação da liberdade da pessoa e a subsequente falta de informação sobre seu destino, e permanece enquanto não se conheça o paradeiro da pessoa desaparecida e se determine com certeza sua identidade”, sendo que o Estado “tem o dever de investigar e, eventualmente, punir os responsáveis”.
Assim, recomenda-se a retificação da certidão de óbito de Paulo Roberto Pereira Marques, assim como a continuidade das investigações sobre as circunstâncias do caso, para a localização de seus restos mortais e identificação e responsabilização dos demais agentes envolvidos, conforme sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos que obriga o Estado Brasileiro “a investigar os fatos, julgar e, se for o caso, punir os responsáveis e de determinar o paradeiro das vítimas”.
O Estado brasileiro utilizou uma série de mecanismos para amedrontar a população, sobretudo aqueles que não estivessem de acordo com as medidas ditatoriais. Conheça os reflexos do aparato repressivo e os focos de resistência na sociedade.