Atuação Profissional
trabalhador ruralData e Local de Morte
Desaparecimento em 2/1/1974, São Geraldo do Araguaia (PA) ou Base Militar da Bacaba (PA)Segundo o Relatório Arroyo, no dia 2 de janeiro de 1974, Pedro “Carretel” estava de guarda do acampamento, onde estavam os guerrilheiros conhecidos como Nelito (Nelson Lima Piauhy Dourado), Duda (Luiz René Silveira e Silva), Cristina (Jana Moroni Barroso) e Rosa (Maria Celia Corrêa). Naquele dia, Nelito foi a uma capoeira buscar algo para comer e trouxe uma lata que fez bastante barulho na volta. Às 13h30 foram dadas rajadas de tiros sobre Pedro “Carretel”, que correu.
Depois desse episódio, não se obteve mais notícias sobre Pedro “Carretel”. Diversos depoimentos de camponeses ao Ministério Público Federal (MPF), em 2001, referem-se a “Carretel” e oferecem versões para o seu paradeiro. A moradora da região Margarida Ferreira Felix declarou que, em 1973, o viu na base militar da Bacaba. Conforme a depoente, os militares haviam vestido Pedro “Carretel” com roupas femininas e o estariam conduzindo para ver sua esposa, num possível último encontro.
Luiz Martins dos Santos e Zulmira Pereira Nunes afirmaram terem visto Isaura, mulher de Pedro “Carretel”, sendo torturada em Marabá, mas que ela não sabia de informações de Pedro. Já José Salustiano de Oliveira relatou que o camponês fora baleado na mata e “tratado” na base militar da Bacaba. José ouviu falar que, após recuperar a saúde, “Carretel” foi jogado de um avião sobre a mata da região de São Geraldo do Araguaia. Manuel Leal Lima afirmou que “Carretel” foi capturado e transformado em guia, sendo morto algum tempo depois, juntamente com Piauí (Antônio de Pádua da Costa) e Duda, na Bacaba.
Por fim, Raimundo Nonato dos Santos alegou que Pedro foi preso por uma equipe que andava com Zé Catingueiro e ferido por um tiro do próprio Zé
Pedro “Carretel” é considerado desaparecido político por não terem sido entregues os restos mortais aos seus familiares, o que não permitiu o seu sepultamento até os dias de hoje. Conforme o exposto na Sentença da Corte Inter-americana no caso Gomes Lund e outros, “o ato de desaparecimento e sua execução se iniciam com a privação da liberdade da pessoa e a subsequente falta de informação sobre seu destino, e permanece enquanto não se conheça o paradeiro da pessoa desaparecida e se determine com certeza sua identidade”, sendo que o Estado “tem o dever de investigar e, eventualmente, punir os responsáveis”.
Assim, recomenda-se a continuidade das investigações sobre as circunstâncias do caso de Pedro “Carretel”, localização de seus restos mortais, retificação da certidão de óbito, identificação e responsabilização dos demais agentes envolvidos no caso, conforme sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos que obriga o Estado brasileiro “a investigar os fatos, julgar e, se for o caso, punir os responsáveis e de determinar o paradeiro das vítimas”.
O Estado brasileiro utilizou uma série de mecanismos para amedrontar a população, sobretudo aqueles que não estivessem de acordo com as medidas ditatoriais. Conheça os reflexos do aparato repressivo e os focos de resistência na sociedade.