O Major Curió, como ficou conhecido Sebastião Rodrigues de Moura, hoje coronel da reserva, foi um dos militares responsáveis pela repressão à Guerrilha do Araguaia. É ex-oficial do Centro de Informações do Exército (CIE) e ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI).
Curió realizou uma detalhada documentação da ação das Forças Armadas na repressão à Guerrilha do Araguaia. Em 2009, o coronel abriu parte de seus arquivos pessoais ao jornal Estado de S. Paulo e afirmou que o Exército executou 41 militantes. “Dos 67 integrantes do movimento de resistência mortos durante o conflito com militares, 41 foram presos, amarrados e executados, quando não ofereciam risco às tropas”, informa a matéria. Até então, eram conhecidos apenas 25 casos de execução. A repressão à guerrilha por Curió é abordada no livro “Mata! – o Major Curió e as guerrilhas no Araguaia”, de Leonêncio Nossa. Para o jornalista Elio Gáspari, a repressão à guerrilha foi uma política clara de extermínio da ditadura militar.
No início da década de 1980, Curió foi mandado pelo governo militar para a região de Serra Pelada, a fim de comandar a exploração de ouro na região, que naquele momento já contava com cerca de 30 mil garimpeiros. Nessa mesma época, o regime o enviou para comandar a repressão a um acampamento de famílias sem terra na Encruzilhada Natalino, no Rio Grande do Sul, repressão que fracassou. O acampamento foi um dos que deu origem ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Curió ajudou a fundar uma cidade no sul do Pará, Curionópolis, da qual já foi prefeito. Anteriormente, cumpriu mandato como deputado federal pelo PMDB. Em 2011, Curió foi preso em sua casa por porte ilegal de armas durante uma operação de busca e apreensão de documentos da ditadura, sendo liberado um dia depois. Em 2012, o Ministério Público Federal pediu a abertura de processo criminal contra o major, pedido que foi recusado pelo juiz federal João César Otoni de Matos.