Para combater os grupos guerrilheiros, o regime militar preparou um grande aparato repressivo. Um general chegou a dizer que eles organizaram um pilão para matar uma mosca, menosprezando a capacidade de ação desses grupos. Mas, ao que parece, a “mosca” incomodava bastante.
Todos os recursos, jurídicos, policiais e militares foram utilizados e integrados para combater a guerrilha. Os serviços secretos das três armas, Exército, Marinha e Aeronáutica, foram reciclados, os agentes foram treinados no exterior em cursos de “contrainsurgência”, nos quais aprenderam técnicas sofisticadas de tortura.
O caminho da repressão estava desenhado: para combater grupos pequenos, com células que não se comunicavam entre si, que utilizavam recursos para disfarçar e despistar qualquer suspeita, era preciso usar técnicas de espionagem e de interrogatório “vigorosas”. As prisões tinham o objetivo não só de intimidar, mas também de fazer com que o prisioneiro contasse informações sobre seu grupo e revelasse onde era o “aparelho” – nome dado para o local onde se instalavam, viviam e planejavam as ações.
Mas, ao saber que um companheiro tinha sido preso, imediatamente todos se mudavam. Por isso, a tortura tinha como objetivo que o prisioneiro falasse o mais rápido possível, antes de que fosse notada sua captura, para dar tempo de chegar aos locais e pegar o grupo todo.
Em outros casos, para obter informações sobre estratégias, os prisioneiros eram torturados por muitos dias, com requintes de crueldade. Se o prisioneiro sobrevivesse, era entregue à Justiça, que iria processá-lo nas formas da Lei de Segurança Nacional.