Anos 65 – 69
A tortura começou antes do AI-5: 203 denúncias de tortura e 20 mortes só em 1964
Antes de completar um ano, a repressão do regime militar já somava 203 denúncias de torturas além de 20 mortes. O livro "Tortura e Torturados", do jornalista Márcio Moreira Alves, lançado em 1966, relatando casos ocorridos a partir de 1964, causou grande impacto na opinião pública.
Arena conta Zumbi
Marco do Teatro de Arena, dirigido por Augusto Boal. O objetivo era fazer com que o público se divertisse, mas ao mesmo tempo se conscientizasse politicamente, a partir da saga do Quilombo de Palmares, com referências cifradas ao contexto político pós-Golpe. A peça terminava com o refrão: "É um tempo de guerra, é um tempo sem sol...".
Promulgado o AI-2
O poder do Presidente é ainda mais fortalecido, os partidos são dissolvidos, a eleição presidencial passa a ser indireta e a Justiça Militar pode processar civis acusados de crimes políticos. O Ato começa com uma frase que acaba com as ilusões dos que achavam que o governo militar era transitório: "Não se disse que a Revolução foi, mas que é e continuará..."
A violência do Estado
No fim de 1965, são registradas oficialmente 83 denúncias de torturas e 3 mortes. Presos políticos começam a aparecer enforcados nas celas
O terceiro Ato Institucional
Os governos dos Estados e os prefeitos passam a ser eleitos indiretamente. O Poder Executivo ganha força a cada novo ato baixado.
Morte e Vida Severina
É encenada em São Paulo a peça Morte e Vida Severina, baseada em poema de João Cabral de Melo Neto, e com música de Chico Buarque de Hollanda, jovem compositor que era um dos destaques da "geração dos festivais da canção" veiculados pelas televisões Record, Excelsior e Globo. Nascia a Música Popular Brasileira (MPB), marcada pela crítica ao regime militar e pela denúncia das injustiças sociais.
O regime militar brasileiro vira modelo para a América Latina
Na Argentina, o levantamento militar liderado pelo general Juan Carlos Onganía derrubou o presidente Arturo Illia. Em 1971, seria a vez da Bolívia, seguida por Uruguai e Chile em 1973. Em 1976, um novo golpe na Argentina aprofunda o "terror de Estado" como método de combate aos opositores.
A Grande Revolução Cultural Proletária abala o mundo comunista
Liderada por Mao Tse Tung, a Revolução Cultural (1966-1969) pretendia mudar a cara do comunismo chinês e mundial, expandindo a ideia de coletivização e acabando com as hierarquias burocráticas e sociais. Os resultados, entretanto, acirraram a luta pelo poder dentro do Partido Comunista Chinês e levaram a muitos expurgos de antigos revolucionários.
A Revolução Brasileira
Em sua obra “A Revolução Brasileira”, Caio Prado Jr. critica as teses "etapistas" e as alianças de classe do Partido Comunista Brasileiro, tornando-se um dos símbolos do grande debate interno que tomou conta da esquerda brasileira depois da derrota de 1964.
Costa e Silva é o novo presidente
Saudado por parte da imprensa que havia apoiado o golpe mas se decepcionará com a política econômica do governo Castello Branco, o general Artur da Costa e Silva é eleito indiretamente pelo Congresso, prometendo retomar o crescimento econômico e "humanizar" o regime. A primeira promessa foi cumprida, já a segunda...
Chico Buarque vence o Festival de Música Popular Brasileira
Com a música “A Banda”, Chico Buarque de Hollanda venceu o festival de música popular brasileira da Record. Mas dividiu o prêmio e a preferência do público com a canção "Disparada", de Geraldo Vandré, defendida no festival por uma interpretação de Jair Rodrigues que marcou época.
Liberação feminina
As mulheres saem às ruas por seus direitos em todo o mundo. Esse processo também é marcado pelo lançamento da minissaia, pelo uso disseminado da pílula anticoncepcional e pela liberação de costumes.
Violência de Estado
Ao fim de 1966, os números oficiais somam 66 denúncias de torturas e 2 mortes.
Posse de Costa e Silva
A "posse da esperança", como a definiu parte da imprensa simpática aos militares, prometia ampliar o diálogo entre governo e sociedade. Mas os acontecimentos ao longo do governo Costa e Silva tomaram outros rumos.
Che Guevara é assassinado
É o fim do sonho do guerrilheiro de liderar uma nova revolução na América Latina, depois da vitória em Cuba. Ernesto Che Guevara é capturado e assassinado na Bolívia.
Economia com pouca saúde
O cruzeiro novo tem seu primeiro ano com 25% de inflação e PIB de 4,2%.
Movimento hippie pede fim da guerra no Vietnã
A juventude norte-americana começa a se rebelar contra a convocação para a Guerra no Vietnã, travada desde 1965 pelas tropas estadunidenses para combater a expansão do comunismo na Ásia.
Militantes do PC do B no Araguaia
O PC do B envia os primeiros militantes para a região do Rio Araguaia, no Norte do país, para a estruturação da que ficaria conhecida como Guerrilha do Araguaia. Desde 1967, várias organizações de esquerda preparavam-se para a luta armada contra o regime. A maior parte atuaria nas cidades realizando ações de "propaganda armada", ao contrário do PC do B que conseguiu manter suas bases no campo sigilosas até 1971.
Greve dos trabalhadores da Cobrasma em Osasco (SP)
O ano de 1968 também marcaria a volta da classe operária à cena social e política, protagonizando duas greves que ficaram famosas, em Contagem (MG) e Osasco (SP). Para a esquerda, era o início de uma grande revolta popular contra o arrocho salarial e a repressão policial do regime.
PM mata o estudante Edson Luís
O estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto é assassinado por policiais militares durante um confronto no restaurante Calabouço, no centro do Rio de Janeiro.
Enterro de Edson Luís
Ao todo 60 mil pessoas foram ao enterro de Edson Luís. Seguem-se manifestações e protestos em várias cidades do país, aumentando o protesto estudantil contra o regime que já vinha acontecendo desde 1966. Os militares reprimem duramente as manifestações.
Repressão às passeatas
O Ministro da Justiça determina que as passeatas estudantis sejam proibidas e reprimidas.
Missas reprimidas
As missas celebradas para Edson Luís na Igreja da Candelária, no Rio, são reprimidas violentamente.
Martin Luther King é assassinado
O líder do Movimento pelos Direitos Civis dos negros estadunidenses é assassinado.
Contracultura
Na Broadway e com nu explícito, estreia o rock-musical Hair, um dos maiores sucessos da década, que critica a Guerra do Vietnã.
Maio de 68
É maio de 1968, começam os conflitos de rua em Paris e pelo mundo afora. Estudantes ocupam a tradicional Universidade Sorbonne.
A luta armada ganha o noticiário
A luta armada contra a ditadura cresce e se organiza. Tornam-se públicas e notórias as ações da ALN (Ação Libertadora Nacional) e da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária). A primeira era uma dissiência do Partido Comunista Brasileiro, que não apoiava a luta armada contra o regime, enquanto a segunda era resultado da fusão de grupos socialistas com militares nacionalistas expulsos das Forças Armadas.
Tropicália ou Panis et Circenses
Começam as gravações do álbum que seria o maior manifesto musical do movimento tropicalista que reunia músicos, artistas plásticos, dramaturgos e cineastas. Os músicos tropicalistas, liderados por Caetano Veloso e Gilberto Gil eram críticos do nacionalismo cultural da MPB e da estética convencional da canção de protesto. Queriam criticar o regime, mas também chocar os padrões comportamentais e morais da direita e da esquerda.
Passeata dos 100 mil
Mais de 100 mil pessoas saem às ruas do Rio de Janeiro, contra a violência policial e em defesa da democracia.
Ação da VPR mata um e fere seis
Membros da VPR lançam um carro-bomba, sem motorista, contra o Quartel General do 2º Exército em São Paulo. Na ocasião, é morto o soldado Mário Kozel Filho, jovem recruta.
Teatro Galpão depredado
O teatro onde era encenada a peça “Roda Vida”, de Chico Buarque de Holanda, é depredado e seus os atores são espancados, dando início a uma onda de violência contra os teatros no Brasil.
“Sabiá”, de Tom e Chico vence o 3º Festival Internacional da Canção
Muitas vaias foram ouvidas quando "Sabiá" foi anunciada como vencedora – Cynara e Cybele, as intérpretes, mal conseguiram cantá-la. Em segundo lugar ficou “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré, a preferida do público estudantil de esquerda.
Congresso da UNE em Ibiúna
A polícia descobre o local do Congresso clandestino da UNE, invade o sítio de surpresa, e prende 920 estudantes. A partir daí, a parte do movimento estudantil que defendia a luta armada, paradoxalmente, sai fortalecida, em detrimento daqueles que queriam priorizar ações políticas de massa.
Casa do arcebispo é metralhada
A casa do arcebispo dom Hélder Câmara, em Recife, é metralhada. No ano seguinte, um dos seus principais auxiliares, Padre Henrique é assassinado por paramilitares. A alta cúpula da Igreja Católica, que não condenara o golpe de 1964, começava a se afastar do regime.
Nixon eleito
O republicano e conservador Richard Nixon é eleito presidente dos EUA. A partir daí, a política anticomunista dos EUA para a América latina se tornaria ainda mais agressiva.
Luta armada soma 50 ações
Em dois anos, os grupos de esquerda somam 50 ações armadas. A maior parte era de assaltos a bancos, as chamadas "expropriações" para coletar fundos, mas também houve atentados a bomba contra alvos políticos e militares e algumas escaramuças contra as forças de segurança do regime. A partir de 1969, o repertório de ações incluiria sequestros de embaixadores para serem trocados por prisioneiros políticos.
O AI-5 é baixado
É baixado o AI-5, que iniciou o momento mais duro do regime, dando ainda mais poder aos militares, para punir arbitrariamente os que fossem considerados inimigos. Até o Habeas Corpus, tradicional instrumento jurídico para libertar presos, é declarado inválido para crimes políticos. Até os liberais, que haviam apoiado o golpe, admitem que o regime se tornara, efetivamente, uma ditadura militar, sem maiores sutilezas.
Caetano Veloso e Gilberto Gil são presos no Rio
Os músicos baianos, símbolos da Tropicália, são presos por 3 meses, sem acusação formal. Depois, seguem para o exílio.
Começa o “milagre econômico”
Indústria responde aos investimentos e cresce. PIB fecha o ano com 9% de crescimento e a inflação fica em 25%.
Artistas são obrigados a deixar o país
Gil e Caetano partem para Londres, na Inglaterra, e Chico Buarque vai para Roma, na Itália.
O capitão Lamarca se torna guerrilheiro
Carlos Lamarca, capitão do Exército Brasileiro, tido como militar exemplar, adere à guerrilha, levando consigo um caminhão carregado de armas e munições do Quartel de Quitaúna, em Osasco (SP). Ao lado de Carlos Marighela, Lamarca se torna a figura mais célebre da guerrilha brasileira.
Professores universitários perseguidos pelo regime
Com o AI-10, centenas de professores são aposentados em todo o país. A repressão avança sobre o meio intelectual e cultural. A cisão entre o regime e o meio intelectual e artístico aumenta ainda mais.
Primeiro número d'O Pasquim chega às bancas
O Pasquim, conciliando humor político e comportamental, torna-se um marco da imprensa alternativa, lutando contra a censura e contra a repressão.
Surge a Operação Bandeirante (Oban)
A Oban, operativo policial-militar de combate à luta armada, sistematiza os métodos ilegais de repressão: sequestro, tortura e execução dos opositores.
Carlos Marighella toma a Rádio Nacional
Marighella e seus companheiros da Aliança Libertadora Nacional (ALN) tomam a Rádio Nacional, em São Paulo, e divulgam um manifesto.
Costa e Silva fica doente
Depois de sofrer uma trombose cerebral, o general Costa e Silva é afastado da Presidência. O seu vice-presidente civil, Pedro Aleixo, é impedido de tomar posse.
O Brasil passa a ser governado por uma Junta Militar
A Junta Militar é composta pelos ministros Aurélio Lyra Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Souza Mello (Aeronáutica).
Sequestro do embaixador norte-americano Elbrick
Guerrilheiros do MR-8 e da ALN sequestram, no Rio, o embaixador dos EUA no Brasil, Charles Burke Elbrick. Em troca, conseguem a libertação de 15 presos políticos que são enviados ao México.
Pena de morte e banimentos
Com o AI-13 e o AI-14, o Brasil passa a ter pena de morte, além de banimentos de presos políticos soltos em troca de embaixadores sequestrados.
O primeiro "desaparecido político"
O comandante do sequestro do embaixador Charles Elbrick, Virgílio Gomes da Silva, é preso e morto sob tortura nas dependências da Oban, em São Paulo. Ele é considerado o primeiro desaparecido político brasileiro.
Médici, mais um general-presidente eleito indiretamente
O general Emílio Garrastazu Médici é eleito presidente da República pelo Congresso, depois de ser escolhido pela alta oficialidade das Forças Armadas.
1.027 denúncias de torturas
A ditadura militar soma no fim do ano mais de mil denúncias de torturas.
A tortura começou antes do AI-5: 203 denúncias de tortura e 20 mortes só em 1964
Antes de completar um ano, a repressão do regime militar já somava 203 denúncias de torturas além de 20 mortes. O livro "Tortura e Torturados", do jornalista Márcio Moreira Alves, lançado em 1966, relatando casos ocorridos a partir de 1964, causou grande impacto na opinião pública.
Arena conta Zumbi
Marco do Teatro de Arena, dirigido por Augusto Boal. O objetivo era fazer com que o público se divertisse, mas ao mesmo tempo se conscientizasse politicamente, a partir da saga do Quilombo de Palmares, com referências cifradas ao contexto político pós-Golpe. A peça terminava com o refrão: "É um tempo de guerra, é um tempo sem sol...".
Promulgado o AI-2
O poder do Presidente é ainda mais fortalecido, os partidos são dissolvidos, a eleição presidencial passa a ser indireta e a Justiça Militar pode processar civis acusados de crimes políticos. O Ato começa com uma frase que acaba com as ilusões dos que achavam que o governo militar era transitório: "Não se disse que a Revolução foi, mas que é e continuará..."
A violência do Estado
No fim de 1965, são registradas oficialmente 83 denúncias de torturas e 3 mortes. Presos políticos começam a aparecer enforcados nas celas
O terceiro Ato Institucional
Os governos dos Estados e os prefeitos passam a ser eleitos indiretamente. O Poder Executivo ganha força a cada novo ato baixado.
Morte e Vida Severina
É encenada em São Paulo a peça Morte e Vida Severina, baseada em poema de João Cabral de Melo Neto, e com música de Chico Buarque de Hollanda, jovem compositor que era um dos destaques da "geração dos festivais da canção" veiculados pelas televisões Record, Excelsior e Globo. Nascia a Música Popular Brasileira (MPB), marcada pela crítica ao regime militar e pela denúncia das injustiças sociais.
O regime militar brasileiro vira modelo para a América Latina
Na Argentina, o levantamento militar liderado pelo general Juan Carlos Onganía derrubou o presidente Arturo Illia. Em 1971, seria a vez da Bolívia, seguida por Uruguai e Chile em 1973. Em 1976, um novo golpe na Argentina aprofunda o "terror de Estado" como método de combate aos opositores.
A Grande Revolução Cultural Proletária abala o mundo comunista
Liderada por Mao Tse Tung, a Revolução Cultural (1966-1969) pretendia mudar a cara do comunismo chinês e mundial, expandindo a ideia de coletivização e acabando com as hierarquias burocráticas e sociais. Os resultados, entretanto, acirraram a luta pelo poder dentro do Partido Comunista Chinês e levaram a muitos expurgos de antigos revolucionários.
A Revolução Brasileira
Em sua obra “A Revolução Brasileira”, Caio Prado Jr. critica as teses "etapistas" e as alianças de classe do Partido Comunista Brasileiro, tornando-se um dos símbolos do grande debate interno que tomou conta da esquerda brasileira depois da derrota de 1964.
Costa e Silva é o novo presidente
Saudado por parte da imprensa que havia apoiado o golpe mas se decepcionará com a política econômica do governo Castello Branco, o general Artur da Costa e Silva é eleito indiretamente pelo Congresso, prometendo retomar o crescimento econômico e "humanizar" o regime. A primeira promessa foi cumprida, já a segunda...
Chico Buarque vence o Festival de Música Popular Brasileira
Com a música “A Banda”, Chico Buarque de Hollanda venceu o festival de música popular brasileira da Record. Mas dividiu o prêmio e a preferência do público com a canção "Disparada", de Geraldo Vandré, defendida no festival por uma interpretação de Jair Rodrigues que marcou época.
Liberação feminina
As mulheres saem às ruas por seus direitos em todo o mundo. Esse processo também é marcado pelo lançamento da minissaia, pelo uso disseminado da pílula anticoncepcional e pela liberação de costumes.
Violência de Estado
Ao fim de 1966, os números oficiais somam 66 denúncias de torturas e 2 mortes.
Posse de Costa e Silva
A "posse da esperança", como a definiu parte da imprensa simpática aos militares, prometia ampliar o diálogo entre governo e sociedade. Mas os acontecimentos ao longo do governo Costa e Silva tomaram outros rumos.
Che Guevara é assassinado
É o fim do sonho do guerrilheiro de liderar uma nova revolução na América Latina, depois da vitória em Cuba. Ernesto Che Guevara é capturado e assassinado na Bolívia.
Economia com pouca saúde
O cruzeiro novo tem seu primeiro ano com 25% de inflação e PIB de 4,2%.
Movimento hippie pede fim da guerra no Vietnã
A juventude norte-americana começa a se rebelar contra a convocação para a Guerra no Vietnã, travada desde 1965 pelas tropas estadunidenses para combater a expansão do comunismo na Ásia.
Militantes do PC do B no Araguaia
O PC do B envia os primeiros militantes para a região do Rio Araguaia, no Norte do país, para a estruturação da que ficaria conhecida como Guerrilha do Araguaia. Desde 1967, várias organizações de esquerda preparavam-se para a luta armada contra o regime. A maior parte atuaria nas cidades realizando ações de "propaganda armada", ao contrário do PC do B que conseguiu manter suas bases no campo sigilosas até 1971.
Greve dos trabalhadores da Cobrasma em Osasco (SP)
O ano de 1968 também marcaria a volta da classe operária à cena social e política, protagonizando duas greves que ficaram famosas, em Contagem (MG) e Osasco (SP). Para a esquerda, era o início de uma grande revolta popular contra o arrocho salarial e a repressão policial do regime.
PM mata o estudante Edson Luís
O estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto é assassinado por policiais militares durante um confronto no restaurante Calabouço, no centro do Rio de Janeiro.
Enterro de Edson Luís
Ao todo 60 mil pessoas foram ao enterro de Edson Luís. Seguem-se manifestações e protestos em várias cidades do país, aumentando o protesto estudantil contra o regime que já vinha acontecendo desde 1966. Os militares reprimem duramente as manifestações.
Repressão às passeatas
O Ministro da Justiça determina que as passeatas estudantis sejam proibidas e reprimidas.
Missas reprimidas
As missas celebradas para Edson Luís na Igreja da Candelária, no Rio, são reprimidas violentamente.
Martin Luther King é assassinado
O líder do Movimento pelos Direitos Civis dos negros estadunidenses é assassinado.
Contracultura
Na Broadway e com nu explícito, estreia o rock-musical Hair, um dos maiores sucessos da década, que critica a Guerra do Vietnã.
Maio de 68
É maio de 1968, começam os conflitos de rua em Paris e pelo mundo afora. Estudantes ocupam a tradicional Universidade Sorbonne.
A luta armada ganha o noticiário
A luta armada contra a ditadura cresce e se organiza. Tornam-se públicas e notórias as ações da ALN (Ação Libertadora Nacional) e da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária). A primeira era uma dissiência do Partido Comunista Brasileiro, que não apoiava a luta armada contra o regime, enquanto a segunda era resultado da fusão de grupos socialistas com militares nacionalistas expulsos das Forças Armadas.
Tropicália ou Panis et Circenses
Começam as gravações do álbum que seria o maior manifesto musical do movimento tropicalista que reunia músicos, artistas plásticos, dramaturgos e cineastas. Os músicos tropicalistas, liderados por Caetano Veloso e Gilberto Gil eram críticos do nacionalismo cultural da MPB e da estética convencional da canção de protesto. Queriam criticar o regime, mas também chocar os padrões comportamentais e morais da direita e da esquerda.
Passeata dos 100 mil
Mais de 100 mil pessoas saem às ruas do Rio de Janeiro, contra a violência policial e em defesa da democracia.
Ação da VPR mata um e fere seis
Membros da VPR lançam um carro-bomba, sem motorista, contra o Quartel General do 2º Exército em São Paulo. Na ocasião, é morto o soldado Mário Kozel Filho, jovem recruta.
Teatro Galpão depredado
O teatro onde era encenada a peça “Roda Vida”, de Chico Buarque de Holanda, é depredado e seus os atores são espancados, dando início a uma onda de violência contra os teatros no Brasil.
“Sabiá”, de Tom e Chico vence o 3º Festival Internacional da Canção
Muitas vaias foram ouvidas quando "Sabiá" foi anunciada como vencedora – Cynara e Cybele, as intérpretes, mal conseguiram cantá-la. Em segundo lugar ficou “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré, a preferida do público estudantil de esquerda.
Congresso da UNE em Ibiúna
A polícia descobre o local do Congresso clandestino da UNE, invade o sítio de surpresa, e prende 920 estudantes. A partir daí, a parte do movimento estudantil que defendia a luta armada, paradoxalmente, sai fortalecida, em detrimento daqueles que queriam priorizar ações políticas de massa.
Casa do arcebispo é metralhada
A casa do arcebispo dom Hélder Câmara, em Recife, é metralhada. No ano seguinte, um dos seus principais auxiliares, Padre Henrique é assassinado por paramilitares. A alta cúpula da Igreja Católica, que não condenara o golpe de 1964, começava a se afastar do regime.
Nixon eleito
O republicano e conservador Richard Nixon é eleito presidente dos EUA. A partir daí, a política anticomunista dos EUA para a América latina se tornaria ainda mais agressiva.
Luta armada soma 50 ações
Em dois anos, os grupos de esquerda somam 50 ações armadas. A maior parte era de assaltos a bancos, as chamadas "expropriações" para coletar fundos, mas também houve atentados a bomba contra alvos políticos e militares e algumas escaramuças contra as forças de segurança do regime. A partir de 1969, o repertório de ações incluiria sequestros de embaixadores para serem trocados por prisioneiros políticos.
O AI-5 é baixado
É baixado o AI-5, que iniciou o momento mais duro do regime, dando ainda mais poder aos militares, para punir arbitrariamente os que fossem considerados inimigos. Até o Habeas Corpus, tradicional instrumento jurídico para libertar presos, é declarado inválido para crimes políticos. Até os liberais, que haviam apoiado o golpe, admitem que o regime se tornara, efetivamente, uma ditadura militar, sem maiores sutilezas.
Caetano Veloso e Gilberto Gil são presos no Rio
Os músicos baianos, símbolos da Tropicália, são presos por 3 meses, sem acusação formal. Depois, seguem para o exílio.
Começa o “milagre econômico”
Indústria responde aos investimentos e cresce. PIB fecha o ano com 9% de crescimento e a inflação fica em 25%.
Artistas são obrigados a deixar o país
Gil e Caetano partem para Londres, na Inglaterra, e Chico Buarque vai para Roma, na Itália.
O capitão Lamarca se torna guerrilheiro
Carlos Lamarca, capitão do Exército Brasileiro, tido como militar exemplar, adere à guerrilha, levando consigo um caminhão carregado de armas e munições do Quartel de Quitaúna, em Osasco (SP). Ao lado de Carlos Marighela, Lamarca se torna a figura mais célebre da guerrilha brasileira.
Professores universitários perseguidos pelo regime
Com o AI-10, centenas de professores são aposentados em todo o país. A repressão avança sobre o meio intelectual e cultural. A cisão entre o regime e o meio intelectual e artístico aumenta ainda mais.
Primeiro número d'O Pasquim chega às bancas
O Pasquim, conciliando humor político e comportamental, torna-se um marco da imprensa alternativa, lutando contra a censura e contra a repressão.
Surge a Operação Bandeirante (Oban)
A Oban, operativo policial-militar de combate à luta armada, sistematiza os métodos ilegais de repressão: sequestro, tortura e execução dos opositores.
Carlos Marighella toma a Rádio Nacional
Marighella e seus companheiros da Aliança Libertadora Nacional (ALN) tomam a Rádio Nacional, em São Paulo, e divulgam um manifesto.
Costa e Silva fica doente
Depois de sofrer uma trombose cerebral, o general Costa e Silva é afastado da Presidência. O seu vice-presidente civil, Pedro Aleixo, é impedido de tomar posse.
O Brasil passa a ser governado por uma Junta Militar
A Junta Militar é composta pelos ministros Aurélio Lyra Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Souza Mello (Aeronáutica).
Sequestro do embaixador norte-americano Elbrick
Guerrilheiros do MR-8 e da ALN sequestram, no Rio, o embaixador dos EUA no Brasil, Charles Burke Elbrick. Em troca, conseguem a libertação de 15 presos políticos que são enviados ao México.
Pena de morte e banimentos
Com o AI-13 e o AI-14, o Brasil passa a ter pena de morte, além de banimentos de presos políticos soltos em troca de embaixadores sequestrados.
O primeiro "desaparecido político"
O comandante do sequestro do embaixador Charles Elbrick, Virgílio Gomes da Silva, é preso e morto sob tortura nas dependências da Oban, em São Paulo. Ele é considerado o primeiro desaparecido político brasileiro.
Médici, mais um general-presidente eleito indiretamente
O general Emílio Garrastazu Médici é eleito presidente da República pelo Congresso, depois de ser escolhido pela alta oficialidade das Forças Armadas.
1.027 denúncias de torturas
A ditadura militar soma no fim do ano mais de mil denúncias de torturas.