- 50 mil presos nos primeiros meses do regime;
- 7.367 pessoas acusadas nos termos da Lei de Segurança Nacional (10.034 inquiridos);
- 130 banidos;
- 4.862 cassados;
- 6.592 militares punidos;
- 245 estudantes expulsos da universidade;
- 388 mortos e desaparecidos (426, se contados os que morreram por sequelas da tortura no exterior);
- Cerca de 10 mil brasileiros, compelidos a deixar o país, teriam vivido no exílio em algum momento.
As organizações de defesa dos direitos humanos estimam que cerca de 100 mil pessoas foram perseguidas ou detidas durante o período da ditadura. Grande parte delas sofreu torturas e humilhações.
Os cidadãos condenados pela Lei de Segurança Nacional, quando libertados em regime condicional, continuavam com suas atividades limitadas por rigorosos regulamentos, assemelhados a um “salvo conduto”, e por vezes ficavam impedidos de trabalhar. Um número incerto – entre 365 e 400 – de opositores políticos foram mortos, a maioria quando já se encontrava presa. Os corpos de um número também impreciso de opositores, entre 136 e 180, eram considerados desaparecidos, ou seja, não haviam sido entregues a seus familiares.
Esses números não incluem os mais de 700 camponeses assassinados por motivos políticos entre 1964 e 1985. Também não estão presentes os membros de aldeias indígenas exterminados, como os 2 mil Waimiri-Atroari, crimes de genocídio que só vieram a público com as investigações da Comissão Nacional da Verdade.
Nessa contabilidade dos “anos de chumbo”, em nome da verdade histórica, não podemos esquecer que cerca de 120 pessoas foram mortas em ações armadas da esquerda, sendo 57 agentes das forças de segurança, fora os “justiçamentos” de ex-membros de organizações. Esses números não estão consolidados, nem plenamente investigados e comprovados.
Um dos argumentos dos apoiadores da ditadura contra a Comissão Nacional da Verdade é o fato de ela só investigar os crimes do Estado contra os direitos humanos e os desaparecimentos de ex-guerrilheiros. Na verdade, trata-se de um argumento menos preocupado com a isenção histórica e jurídica, e mais preocupado em jogar uma cortina de fumaça nos possíveis resultados das investigações.
Aqueles que cometeram violências em nome da revolução pela democracia já foram julgados e condenados ou mortos, sem julgamento formal. As memórias de ex-guerrilheiros estão cheias de narrativas esclarecedoras sobre os eventos da guerrilha e autocríticas dos métodos escolhidos pelas organizações de parte da esquerda armada, ainda que seus autores não afirmem, necessariamente, qualquer arrependimento.
Por outro lado, pouco se sabe oficialmente sobre a cadeia de comando da repressão oficial, sobre as responsabilidades nas mortes de presos políticos ou sobre o paradeiro dos corpos dos desaparecidos. Esse lado da verdade ainda está à espera de respostas.