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Depois da derrota da luta armada

Depois da derrota da luta armada

Entre 1973, quando a esquerda armada já estava em colapso, e antes da reforma partidária de 1979, vários grupos de esquerda ilegal e clandestina continuaram atuantes. Esse campo ideológico era constituído por vários partidos, grupos e tendências, que atuavam sobretudo no movimento estudantil e sindical. Com a reforma, houve uma tendência de entrada e acomodação desses grupos nos novos partidos que surgiam, notadamente no PMDB e no PT, ainda que mantendo seus princípios teóricos, suas formas de ação e sua organização interna.

O velho PCB, ainda que desgastado pelas dissidências, era atuante junto aos políticos liberais, à imprensa, à cultura e aos sindicatos. No entanto, sua tática de priorizar as articulações amplas, de base institucional e parlamentar, não conseguiu lidar com os protestos de rua no fim da década. No final dos anos 1970, o PCB viu crescer uma corrente interna que passou a defender a democracia “como valor universal”, o que equivalia a reconhecer a legitimidade do jogo eleitoral e a abrir mão da “ditadura do proletariado” na luta pelas transformações rumo ao socialismo.

O PCB passou por um processo de discussão interna, no bojo da terrível derrota militar e política na guerrilha do Araguaia, e conseguiu se renovar. Optou por atuar junto aos movimentos sociais e estudantis, alocar seus militantes nas periferias urbanas, sem abrir mão de uma ação junto à oposição institucional, em prol de uma aliança nacional-popular contra o regime.

Os grupos trotskistas eram particularmente fortes no movimento estudantil, enfatizando a necessidade de organização da “luta de massa” nas entidades de base. Mas muitas vezes eles digladiavam entre si, cada corrente se arvorando como a verdadeira tributária da herança teórica de Trótski. Basicamente, dividiram-se em dois grupos, a Organização Socialista Internacionalista (OSI) e a Convergência Socialista. Tinham como marca uma leitura intelectualmente refinada do capitalismo brasileiro, de corte menos nacionalista que os dois partidos comunistas stalinistas, e uma abertura maior para temas ligados à pauta jovem, como a questão comportamental, as drogas, a liberdade sexual.

A esquerda católica, herdeira da Ação Popular e de suas dissidências, bem como das novas organizações de base nos bairros e sindicatos, também era forte, presente no movimento estudantil e nos novos movimentos sociais. Sua ênfase era numa “democracia da pessoa humana”, concretizada na auto-organização de base, eventualmente tutelada pela igreja, que se afirmava mais como anticapitalista do que como socialista de linhagem marxista.

Militantes socialistas de tradição “basista”, ancorada na defesa dos conselhos operários como condutores do processo revolucionário, em detrimento de um partido centralizado conforme a tradição pecebista, completavam o quadro geral das esquerdas nos anos 1970. O principal grupo nessa tradição era o Movimento de Emancipação do Proletariado (MEP).

imprensa alternativa era o ponto de encontro de todas as esquerdas, apesar da cada grupo também investir em seu próprio jornal, como o Voz Operária do PCB, Em Tempo do MEP, e O Trabalho, da OSI. Jornais como Opinião e Movimento tinham um caráter mais plural e tiveram seu auge de público entre 1974 e 1980.

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