O golpe de Estado de 11 de setembro de 1973, no Chile, foi precedido por um período de intensa polarização política e convulsão econômica e social. Os militares, comandados pelo general Augusto Pinochet, agiram para derrubar o presidente socialista Salvador Allende e o governo de esquerda da Unidade Popular. A classe média chilena e parte dos trabalhadores autônomos, como os caminhoneiros, se mobilizaram para derrubar o governo, saindo às ruas e organizando boicotes à distribuição de produtos básicos. Para isso, contaram com o apoio dos Estados Unidos e também da ditadura brasileira. Eleito pelo voto popular, em 1970, o governo de Allende prometia implantar um socialismo democrático, respeitando a constituição e garantindo a liberdade individual dos chilenos.
Desde a eleição de Allende, a CIA, agência de inteligência norte-americana, procurou minar sua atuação. Primeiro, tentou impedir sua posse. Depois, buscou defasar a economia do país. Para executar o golpe, os militares bombardearam o Palácio de La Moneda, sede do governo, onde se encontravam Allende e seus apoiadores. Depois de resistir por horas, o presidente chileno deu fim à própria vida, com um tiro de fuzil. O golpe militar chileno foi um dos mais violentos da América Latina, com prisões em massa, chacinas e torturas indiscriminadas ainda durante o processo golpista.
Começava um regime tido como a primeira experiência radicalmente neoliberal no mundo, com a abertura da economia e a diminuição da intervenção do Estado. Além disso, Pinochet instaurou uma fortíssima repressão, que causou a morte de milhares de opositores, além da tortura e desaparecimento de outros milhares. Em 1980, o ditador chileno promulgou uma constituição que legalizava seu governo. Ao mesmo tempo, a pressão popular contra o regime aumentava e, em 1988, um plebiscito determinou a saída de Pinochet do poder. Dois anos depois, Patricio Aylwin foi eleito para o cargo de presidente, dando início a uma era democrática.