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Primeiras organizações de luta pelos direitos LGBT+

Primeiras organizações de luta pelos direitos LGBT+

O primeiro passo para a organização de um movimento em defesa dos direitos desse público foi dado com a consolidação das identidades e identificações, tornada possível graças à formação de círculos de socialização dentro de espaços clandestinos, em guetos de centros urbanos. Foi em meados dos anos de 1940, que surgiu, na Holanda, a primeira organização com o objetivo de apoiar homossexuais e promover a tolerância: o espaço COC (Cultureel Ontspannings Centrum, ou Centro de Cultura e Recreação), criado pelo grupo responsável pela publicação da revista Levensrecht (“Direito de viver”), destinada ao público gay.

Nos Estados Unidos, nos anos de 1950, foi fundada a Mattachine Society, organização que também visava a proteção e a defesa dos direitos de homossexuais, no contexto da grande perseguição desencadeada pelo Macarthismo.

Entre os anos de 1960 e 1970, impulsionados pela ascensão de outros movimentos, como o negro e o feminista – e pelo contexto de questionamento em relação à sexualidade e aos papéis de gênero, na denominada “Revolução Sexual”–, os movimentos de diversidade sexual e de gênero se ampliaram e ganharam mais visibilidade pelo mundo.

A revolta de Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969, por exemplo, foi um marco de resistência contra os maus tratos da polícia à comunidade queer de Nova Iorque. Indignados com os abusos cometidos pela operação policial, que se efetivava frequentemente no bar Stonewall Inn – frequentado pelo público homossexual de pessoas pobres, negras e latinas –, membros dessa comunidaderesponderam com manifestações violentas pelas ruas da cidade. A data da revolta ficou internacionalmente reconhecida como o Dia do Orgulho Gay.

Aos poucos, a estigmatização deu lugar ao orgulho, ainda que com nuances e ritmos distintos nas diferentes partes do mundo. No Brasil, a Parada do Orgulho é, atualmente, um dos maiores eventos públicos do Brasil e a maior manifestação LGBT+ do mundo. Hoje, os homossexuais manifestam com mais naturalidade as suas orientações sexuais e assumem cargos importantes na vida pública e nas empresas. Frequentemente, novelas e filmes incluem em seus roteiros personagens LGBT+. A sociedade, em geral, se divide entre a aceitação ou preconceito diante de um beijo ou de outra manifestação mais explícita de carinho homoafetivo. E mais: o debate sobre casamento, ou união estável entre pessoas do mesmo sexo é um fato e, embora a adoção de crianças por casal do mesmo sexo ainda não seja consenso, está se tornando cada dia mais comum.

Em 2019, o Supremo Tribunal Federal passou a criminalizar a homotransfobia e  grandes mudanças estão em curso no conjunto da sociedade, mas também persistem enormes resistências, como a dificuldade de se incluir discussões sobre gênero e sexualidade nos currículos escolares. O crescimento do fundamentalismo religioso – que ocupa cada vez mais espaços de representação no sistema político – tem se mostrado um dos maiores entraves à ampliação dos direitos da comunidade LGBTQIAPN+. De todo modo, é bastante positivo que essa gama de questões tenha emergido e conquistado amplo espaço no debate público.

No entanto, os avanços e as conquistas de espaços em diferentes âmbitos sociais não têm evitado que crimes homotransfóbicos sigam ocorrendo quase diariamente. Ainda são comuns os discursos de ódio feitos por alguns políticos e líderes religiosos e, muitas vezes, encampados por veículos de comunicação que se pronunciam contra os direitos homoafetivos e estimulam ações violentas. 

Um dossiê produzido pelo Observatório de Mortes e Violências LGBTI+ no Brasil aponta que o país teve a média de uma morte de pessoa LGBT+ a cada 32 horas.

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