Em 1967, alguns movimentos guerrilheiros começaram a surgir como resultado de uma avaliação de que a simples oposição institucional ou pacífica ao regime militar não era suficiente. De 67 a 73, inspirados nas resistências guerrilheiras e na revolução cubana, grupos guerrilheiros como a ALN, a VPR e outros – em larga medida, compostos de dissidências do PCdoB e do PCB – surgiram e enfrentaram diretamente, nas regiões urbana e rural, a ditadura que vigorava no país. Um grupo, então, liderados pela direção do PCdoB, em 1967, começaram a ocupar a região do Araguaia com o intuito de formar uma guerrilha rural. Depois de alguns anos, a guerrilha foi descoberta e o exército começou a mobilizar um contingente para enfrentá-la. A partir de abril de 1972, os confrontos ocorrem e a guerrilha sai vencedora. No entanto, em 1973 e 1974, as operações militares voltaram à região com quadros especializados e de profissionais, e arrasaram a guerrilha, torturando, desaparecendo e realizando uma série de atrocidades na região. O general Hugo de Abreu, que participou da operação no Araguaia, disse que este foi o confronto mais importante nas regiões rurais brasileiras.
Os trabalhos de buscas na região do Araguaia se iniciaram nos anos 1980, quando as primeiras caravanas de familiares de desaparecidos políticos se dirigiu à região em busca de informações sobre seus paradeiros. Em 1991, uma dessas expedições, acompanhada por membros da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e de peritos da UNICAMP, encontrou no Tocantins duas ossadas enterradas no cemitério do Xambioá. Em 1996, uma dessas ossadas foi identificada como de Maria Lúcia Petit da Silva; no mesmo ano, realizou-se uma nova escavação no Xambioá e outras ossadas foram encontradas – uma delas seria posteriormente identificada como de Bergson Gurjão Farias.
Em 2003 o Estado brasileiro foi condenado – por uma ação proposta na Justiça Federal em 1992 – a informar a localização dos restos mortais dos desaparecidos políticos da Guerrilha do Araguaia e providenciar o traslado das ossadas para os locais em que os familiares desejarem realizar o sepultamento. Assim, após essa determinação judicial e muita pressão dos familiares, em 2009 foi criado pelo Estado o Grupo de Trabalho Tocantins (GTT); este foi um grupo precursor do GTA e trabalhou nos anos de 2009 e 2010, realizando 11 expedições à região do Araguaia.
Em 2011, então, foi criado o Grupo de Trabalho Araguaia (GTA) para buscar, localizar e tentar proceder com a identificação das 61 pessoas que permaneceram desaparecidas. De 2011 a 2013, o GTA dispôs de uma coordenação tripartite composta pelos Ministérios da Justiça e da Defesa e da Secretária de Direitos Humanos (SDH/PR). Nesse período foram realizadas também 11 expedições à região. Em 2014, o GTA entrou em uma nova fase de estruturação, com cada Ministério ocupando uma função específica. A coordenação-geral ficou a cargo da SDH/PR, a logística do Ministério da Defesa e a pericial do Ministério da Justiça. Em maio de 2016, por meio de portaria interministerial, foi decidido que o GTA voltaria a possuir uma coordenação tripartite como os mesmo três ministérios mencionados acima.
Desde o começo dos trabalhos na região do Araguaia, foram resgatados 27 restos mortais de pessoas desaparecidas, somam a estes os restos mortais de Maria Lúcia Petit da Silva e Bergson Gurjão Farias, cuja identificação já foi realizada. O GTA conta com um banco de perfis genéticos com doações de quase 80 familiares e a partir desse material têm sido realizados cruzamentos com os restos mortais encontrados para tentar realizar novas identificações.
Lista de possíveis pessoas buscadas pelo GTA
Ao final do Capítulo 14 do volume 1 do relatório da CNV são listados alguns dos nomes considerados como mortos e desaparecidos da Guerrilha do Araguaia. Essas são algumas das pessoas que podem ser listadas como buscadas na região pelo GTA:
- Adriano Fonseca Fernandes Filho
- Antônio Alfredo de Lima ou Antônio Alfredo Campos
- Antônio Araújo Veloso
- Antônio Carlos Monteiro Teixeira
- Antônio de Pádua Costa
- Antônio Ferreira Pinto
- Antônio Guilherme Ribeiro Ribas
- Antônio Teodoro de Castro
- Arildo Aírton Valadão
- Cilon Cunha Brum
- Ciro Flavio Salazar Oliveira
- Custódio Saraiva Neto
- Daniel Ribeiro Callado
- Dermeval da Silva Pereira
- Dinaelza Santana Coqueiro
- Dinalva Oliveira Teixeira
- Divino Ferreira de Souza
- Francisco Manoel Chaves
- Gilberto Olímpio Maria
- Guilherme Gomes Lund
- Helenira Rezende de Souza Nazareth
- Hélio Luiz Navarro de Magalhães
- Idalísio Soares Aranha Filho
- Jaime Petit da Silva
- Jana Moroni Barroso
- João Carlos Haas Sobrinho
- João Gualberto Calatrone
- José de Oliveira
- José Huberto Bronca
- José Lima Piauhy Dourado
- José Maurílio Patrício
- José Toledo de Oliveira
- Juarez Rodrigues Coelho
- Kleber Lemos da Silva
- Líbero Giancarlo Castiglia
- Lourival de Moura Paulino
- Lúcia Maria de Souza
- Luís Vieira de Almeida
- Luiza Augusta Garlippe
- Luiz René Silveira e Silva
- Manuel José Nurchis
- Marcos José de Lima
- Maurício Grabois
- Maria Célia Corrêa
- Miguel Pereira dos Santos
- Nelson Lima Piauhy Dourado
- Orlando Momente
- Oswaldo Orlando da Costa
- Paulo Mendes Rodrigues
- Paulo Roberto Pereira Marques
- Pedro Alexandrino de Oliveira Filho
- Pedro Carretel
- Rodolfo de Carvalho Troiano
- Rosalindo Souza
- Sabino Alves da Silva
- Sebastião Vieira Gama
- Suely Yumiko Kanayama
- Telma Regina Cordeiro Corrêa
- Uirassu de Assis Batista
- Vandick Reidner Pereira Coqueiro
- Walkíria Afonso Costa