Saber quais desses agentes estão vivos ou já faleceram vai além da mera curiosidade e revela o peso da impunidade para aqueles que já não podem mais responder por seus crimes, ao mesmo tempo em que reafirma a urgência da punição para os que ainda podem ser responsabilizados por seus atos. Passados tantos anos, poucos ainda estão por aí: dos 469 nomes relacionados, 358 foram identificados como já falecidos até a elaboração desta pesquisa.
Para a confirmação desse status, foi necessário o cruzamento de diversos dados: inicialmente, contabilizamos os nomes já apontados como falecidos pelo relatório da CNV e nas denúncias do MPF. Ao aprofundar a pesquisa, identificamos mais perpetradores falecidos por meio das respostas a pedidos de acesso à informação e consultas às folhas de pagamento. Ao acompanhar um agente que deixou de receber aposentadoria e passou a gerar pensão, inferiu-se seu falecimento.
Utilizando os mesmos critérios, identificamos que 62 integrantes da lista ainda estariam vivos. Para os 29 restantes, não foi possível atestar seu status.
Gráfico 1

Por meio do levantamento das datas de nascimento e falecimento, também foi possível calcular a média de idade entre os identificados como já falecidos, que é de 76,6 anos, e entre os que ainda estão vivos, que é de 86 anos.
De onde vieram e para onde foram?
Distribuição espacial
A pesquisa também oferece insights sobre a distribuição geográfica dos agentes. Embora não tenha sido possível identificar a lotação específica dos militares das Forças Armadas, foi viável mapear a região de atuação de policiais militares, civis e de outros agentes públicos de âmbito estadual.
Mapa 1 – Distribuição geográfica

É importante esclarecer que, embora seja previsível que a repressão estivesse concentrada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais — grandes centros urbanos — há uma discrepância nos números referentes ao estado de São Paulo. Isso se deve ao fato de o Ministério Público Federal ter aberto recentemente três ações na Justiça de São Paulo, solicitando a responsabilização civil de 125 agentes da repressão que atuaram naquele estado. Outro ponto importante a destacar é o uso, na lista da CNV, da referência ao Estado da Guanabara — atual cidade do Rio de Janeiro — que, para efeitos práticos, foi contabilizado como pertencente ao estado do Rio de Janeiro.
Órgão de origem
Para a categorização dos agentes da repressão em relação ao órgão de origem, foi necessário adequar a filiação de alguns agentes a categorias de órgãos mais amplas ou específicas, conforme o caso. Esse foi o caso dos agentes das Delegacias de Ordem Política e Social (DOPS), que foram agrupados na categoria “Polícia Civil”, assim como os médicos legistas, que, originalmente, poderiam pertencer às polícias civis ou militares (dependendo do estado), e foram classificados em uma categoria própria, “Instituto Médico Legal (IML)”. A análise do órgão de origem desses agentes constituiu etapa indispensável para o sucesso da coleta de dados por meio de pedidos de acesso à informação e consultas a portais de transparência.

Chama a atenção a quantidade de médicos do Instituto Médico Legal que atuaram junto aos órgãos repressivos.
A seguir, apresentamos a distribuição dos agentes nas Forças Armadas, com prevalência absoluta do Exército.
