Ao mesmo tempo em que estimulava o crescimento do setor privado das universidades, o Estado ampliou os investimentos no ensino superior público, em detrimento do ensino básico. Houve uma expansão real do sistema universitário, com a criação de novas instituições públicas, a ampliação dos quadros de professores e gastos adicionais com novos profissionais, que passaram a receber gratificações no regime de dedicação integral. Além disso, as verbas para as pesquisas e para os programas de pós-graduação tiveram grande incremento.
O número de estudantes nas universidades cresceu exponencialmente: de cerca de 140 mil, em 1964, para aproximadamente 1.400.000, em 1984, proporcionalmente maior que o crescimento da população.
Esse processo de expansão teve um sentido privatizante. As matrículas nas universidades privadas cresceram mais intensamente que no setor público, por força da flexibilização das normas para a criação de novas faculdades particulares e mais cursos nas já existentes.
Em 1964, das 140 mil matrículas, 61,5% pertenciam ao setor público e 38,5% ao setor privado. Vinte anos depois a relação se inverteu, como mostram os gráficos a seguir, com o setor privado respondendo por 59,1% das matrículas e o setor público por 40,9%.
A ditadura, porém, não conseguiu levar a cabo a privatização das universidades públicas, intenção velada dos acordos MEC-USAID. O movimento estudantil contribuiu decisivamente para manter o caráter público e gratuito das universidades estatais, por sua firme resistência contrária às propostas privatistas. A ideia de cobrar mensalidades nas universidades públicas, defendida por setores liberais da ditadura, foi engavetada. Naquele momento, não era conveniente aos militares dar aos líderes da esquerda mais um “pretexto” para a rebeldia.