Quando falamos em “lugares de memória”, estamos falando de espaços que ajudam a manter viva a lembrança de acontecimentos importantes do passado. Esses lugares podem ser prédios, objetos, arquivos, monumentos, ruínas ou até uma esquina que, por algum motivo, carrega uma história que não pode ser esquecida.
O termo ficou conhecido a partir dos estudos do historiador francês Pierre Nora, que usou a expressão lugar de memória para falar de como certas marcas no tempo e no espaço ajudam a manter viva a memória de um povo. Mas, enquanto Pierre Nora pensava nesses lugares como sinais de uma memória que estava se perdendo, em países como o Brasil, a Argentina e outros da América do Sul, os lugares de memória aparecem como formas de enfrentar o silêncio, a negação e o apagamento de histórias que foram escondidas à força.
No nosso caso, esses lugares nos ajudam a lembrar de um período muito duro da nossa história: a ditadura militar, que durou de 1964 a 1985. Foram mais de duas décadas de censura, perseguição, tortura, prisões ilegais, assassinatos e desaparecimentos forçados. A repressão atingiu estudantes, trabalhadores, jornalistas, religiosos, indígenas, camponeses, artistas e qualquer pessoa que ousasse pensar diferente do governo autoritário. Muitos desses abusos aconteceram em locais específicos: centros de tortura, delegacias, quartéis, prédios públicos, universidades e escolas, fazendas, ruas e casas — espaços que ainda existem, mas que nem sempre foram reconhecidos como parte dessa história.